15 de maio de 2008

"(...) Frente à bilheteira não havia bicha nenhuma; pelo contrário, tratava-se de um verdadeiro combate de luta livre, porque todos queriam ser atendidos em primeiro lugar; e como a maior parte das pessoas levava galinhas ou crianças ou outros artigos volumosos, o resultado era uma rixa generalizada em que voavam penas e brinquedos e chapéus. E de vez em quando, do meio de toda aquela confusão, saía um tipo meio atordoado, com as roupas rasgadas, agitando triunfante um pedacinho de papel: era o bilhete. (...) pequenas nuvens de pó giravam a toda a pressa de um lado para o outro, como pequenos turbilhões do deserto. (...) essas nuvens estavam cheias de seres humanos. (...) imediatamente, uma quantidade de passageiros pegava nas malas e colchões enrolados e papagaios e transístores e corria para o autocarro em questão."
in Harun e o Mar de Histórias de Salman Rushdie

E foi esta cena que a minha memória fez saltar quando ouvi as notícias da manhã. E pensar que já nada mais poderia surpreender-nos depois do "não sabia que era proíbido" do nosso 1º.

É lindo!

1 comentário:

sónia disse...

Ihihih! Pim pam pum!
É mais responsável a minha gata que os 1ºs e 2ºs que governam este país. Será que se eu, na próxima semana, faltar ao trabalho sem qualquer justificação, também me posso desculpar com "não sabia que era proibido" e mais, "vou deixar de ser irresponsável a partir de hoje". Que achas? Será que pega?
bj
sónia